As câmeras estão em toda parte. E não mentem jamais!
Uma conta rápida. Em 2012, éramos cerca de 200 milhões de brasileiros. Segundo a Agência nacional de Telefonia, a ANATEL, havia no país – prepare-se: 250 milhões de linhas de celular ativas. São aparelhos telefônicos, mas também são, hoje em dia, câmeras de ótima qualidade, conectados à Internet. Ou seja: as câmeras estão em todo canto e espalham imagens em ondas incessantes. No mundo de 7,3 bilhões de pessoas, há 3,2 bilhões de usuários na internet.
Da captura do sorriso de Usain Bolt na reta da chegada à selfie da celebridade; nos bancos, nas ruas, nas lojas, as câmeras estão mais do que presentes no nosso cotidiano. “Sorria, você está sendo filmado”. Se a evolução do monitoramento continuar no ritmo atual, haverá pelo menos uma câmera de vigilância para cada cinco habitantes das principais capitais do país. Sem esquecer, claro, o celular sempre apontado para os acontecimentos.
George Orwell foi profético. Ele retratou esses “olhos digitais” no romance em 1984, título que nada mais é do que a inversão dos últimos algarismos do ano em que foi escrito – 1948. O autor britânico descrevia uma sociedade monitorada pelo Big Brother e o seu Departamento da Verdade.
A diferença é que hoje o Departamento somos todos nós, em maior ou menor grau. Através do Google Earth, pode-se observar uma pessoa caminhar calmamente na Times Square, em Nova York. Numa via pública em Singapura. Na praia mais deserta. Ambientes corporativos e domésticos não escapam do olho infinitamente aberto.
Arrepiou-se com a invasão do que você considerava sua vida particular? Há, com certeza, questões relativas a privacidade e controle social. O lado bom é que essa tecnologia traz mais proteção ao indivíduo em termos de ordenamento jurídico. E as investigações de crimes ganharam imensas possibilidades com ferramentas cada vez mais avançadas.
As câmeras não mentem jamais, pelo menos para um profissional especializado e habilitado na tarefa de dissecar a informação gravada em meio digital. As imagens geradas em diferentes ambientes trazem informações que, por vezes, não são bem interpretadas e analisadas. Iluminação baixa, mau posicionamento da câmera, distorção, foco ruim...
Mas hoje os peritos têm como extrair esses detalhes das câmeras, muito mais do que se imagina. Há softwares restritos ao uso forense, detalhando as cenas em looping, com velocidade lenta, reversa, em destaque; determinar disparos de arma de fogo e montar a cronologia de uma ação criminosa. Pode-se chegar às medidas físicas de objetos e pessoas e, assim, identificar suspeitos através de referências anatômicas e medidas biométricas. Tem mais. Peritos analisam o comportamento, a marcha, os gestos e microexpressões faciais de pessoas analisadas.
Talvez George Orwell não suspeitasse que aquelas estratégias nefastas do Big Brother se tornariam uma realidade. Hoje, a Internet democratizou praticamente todos os acessos às informações. As câmeras estão por toda a parte (sorria). Mas criminosos agora deixam muito mais rastros e esses rastros atendem pelos nomes singelos de Pixels & Frames.
4 Comentários
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Em tempos de olimpíadas, só tenho a medalha de ouro pra lhe dar. Sou fã de seu trabalho! ❤️
Publique muito mais aqui no Jus, para que possamos ter contato diário com suas palavras. continuar lendo
Obrigada Wagner Francesco! Estava neste período escrevendo o livro O CRIME POR UM FIO que será lançado em outubro em Salvador, RJ e São Paulo pela Editora Chiado. Essa é a página do livro, se puder curte e compartilha. Abs, https://www.facebook.com/crimeporumfio/ continuar lendo
Sorria, tem uma câmera caçando você! continuar lendo
Veja a matéria completa no site da jornalista Márcia Peltier
Fontr: http://www.marciapeltier.com.br/sorria-voce-esta-sendo-filmadoefotografado-registradootempo-todo/ continuar lendo